segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

Era uma vez uma ovelha.

Ilustração de Sandra Martinez.

Era uma vez uma ovelha.

Que não queria ir à tosquia
Era friorenta e ficava com pele de galinha
Não gostava de andar em tronco nu
Como se, em vez de balir, fizesse gluglu
Por isso, disfarçou-se de nuvem
E pediu a um coração para fazer de balão
Já se sabe que os corações são leves
Quando gostam de ajudar
E lá foi ela pelo ar
Branca e fofa de algodão
E sentia tanta emoção
Que tinha medo
De que o balão rebentasse
Enquanto subia
Porque já se sabe que é assim que rebentam
Os corações:
De alegria.

domingo, 7 de janeiro de 2024

O sapateiro e os duendes.

Imagem internet.
 

Há muito tempo, morava em um lugar distante um humilde sapateiro. Ele era mesmo muito pobre e só tinha o dinheiro necessário para fazer um par de sapatos.

Não sei o que acontecerá conosco se eu não encontrar um bom comprador ou se a nossa sorte mudar – disse ele à esposa.

Assim, cortou e preparou o couro que comprou com a intenção de terminar o trabalho no dia seguinte, pois já estava muito cansado. No dia seguinte o sapateiro se preparava para começar a jornada de trabalho quando viu sobre a mesa de trabalho dois lindos sapatos acabados. Foram costurados com tanto cuidado, com pontos tão perfeitos, que o pobre homem não conseguia acreditar no que via.

Eram tão bonitos que, quando uma pessoa passou e viu os sapatos pela janela, pagou mais do que o preço real para comprá-los. O sapateiro ficou muito feliz e disse à esposa: – Com esse dinheiro vou conseguir comprar couro suficiente para fazer dois pares. Como no dia anterior, ele cortou os moldes e os deixou prontos para terminar no dia seguinte.

Novamente o milagre se repetiu, e pela manhã havia quatro sapatos, costurados e acabados, em sua bancada. Também desta vez havia clientes dispostos a pagar grandes valores altos pelo trabalho excelente.

Outra noite e outra, sempre acontecia a mesma coisa: todo o couro cortado que o sapateiro deixava em sua oficina, virava no dia seguinte um lindo calçado.

O tempo passou, os sapatos do homem ficaram famosos na região e nunca lhe faltou clientes nem comida na sua mesa.

O Natal já se aproximava, quando ele comentou com a esposa: – O que você acha se nos escondermos esta noite para descobrir quem está nos ajudando assim? Ela achou uma boa ideia e eles esperaram, agachados atrás de um móvel, que alguém chegasse.

O relógio marcava meia-noite quando dois duendes apareceram e começaram a costurar. A agulha correu e a linha voou e num piscar de olhos terminaram todo o trabalho. Num salto eles desapareceram e deixaram o sapateiro e sua esposa estupefatos.

– Você notou que esses homenzinhos que vieram estavam nus? Poderíamos fazer roupinhas para eles, para não ficarem com frio. – Disse a mulher. Ele concordou com a esposa e no dia seguinte deixaram as roupas sobre a mesa em vez dos padrões de couro, e à noite ficavam atrás dos móveis para ver como os duendes reagiriam.

Doze sinos tocaram e os pequenos duendes apareceram. Quando pularam na mesa ficaram maravilhados ao ver os ternos, ainda mais quando verificaram que eram do seu tamanho. Vestiram-se e cantaram: - Agora somos dois jovens bonitos e elegantes! Por que continuar sendo sapateiros como antes? E assim como vieram, partiram. Pulando e saltando, eles desapareceram.

O sapateiro e sua esposa ficaram satisfeitos ao ver os elfos felizes. E embora, como haviam anunciado, não voltassem mais, nunca foram esquecidos, pois nunca faltou trabalho, comida ou qualquer outra coisa na casa do sapateiro.

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Irmãos Grimm.


Moral da história: solidariedade, ajudar quem ajudou.

Fonte: https://www.culturagenial.com/historias-para-dormir/ 

terça-feira, 2 de janeiro de 2024

João e Maria, a historinha com resumo e análise.

Conheça a história de João e Maria (com resumo e análise)

Imagem: Internet.


João e Maria é uma fábula muito antiga que conta a história de dois irmãos abandonados em uma floresta.

A lenda, que foi transmitida através da oralidade por diversas gerações na época da Idade Média, foi coletada pelos irmãos Grimm no século XIX, e hoje integra um conjunto de contos muito presente no imaginário infantil.

O título original é Hänsel und Gretel, e a história trazia elementos sombrios e um tanto diferentes do que conhecemos atualmente.

Resumo.

As crianças e sua família.

Há muitos anos atrás, havia duas crianças, João e Maria, vivendo com seu pai e sua madrasta próximo a uma floresta. O pai era lenhador e os tempos eram de escassez. A família passava fome e não tinha recursos para alimentar a todos.

Diante dessa situação, a madrasta, que era uma mulher mesquinha e má, elabora um plano horrível de abandonar as crianças na floresta para que fossem devoradas pelas feras. O pai, a princípio, não concorda, mas acaba cedendo e aceita a sugestão de sua esposa.

João e Maria escutam a conversa dos adultos e ficam com muito medo. Entretanto, o menino tem a ideia de recolher pedrinhas brilhantes para marcar o caminho de volta para casa.

Assim, na manhã seguinte, todos saem em direção à floresta com a desculpa de que iriam cortar lenha.

Quando chegam a uma clareira, o lenhador acende uma fogueira e diz para seus filhos ficarem lá até que eles voltem para buscá-los, o que obviamente não acontece.

As crianças ficam certo tempo nesse local, mas depois percebem que realmente não seriam resgatadas. Então eles decidem retornar seguindo as pedrinhas que João havia deixado pelo caminho.

Ao chegarem em casa, João e Maria são recebidos com satisfação pelo pai. A madrasta, entretanto, fica furiosa e decide levá-los para mais longe.

João novamente decide coletar pedrinhas para deixar pelo caminho, mas dessa vez a mulher havia trancado a porta da casa, o que impossibilitou o menino de recolher as pistas.

Então, poucos dias depois, o casal dá um pedaço de pão para cada criança e sai mais uma vez rumo à floresta. Dessa vez, como não havia pedras brilhantes para marcar o trajeto de volta, João e Maria deixam pelo caminho pequenos nacos do pão.

Dessa forma, eles são levados para um local ainda mais remoto e perigoso.

Quando os irmãos tentam voltar para casa, se dão conta de que as migalhas deixadas como marcas tinham desaparecido, provavelmente devoradas pelos pássaros e outros animais da floresta.

Eles não conseguem achar o caminho de volta e se veem perdidos e desamparados na escuridão da mata fechada.

As crianças resolvem perambular em busca de ajuda e, de repente, avistam uma casa. Ao chegarem mais perto, notam que a construção era feita de bolos e outras guloseimas.

 Surpresos com tal descoberta, João e Maria simplesmente não acreditam no que seus olhos veem! Era como um sonho, e eles correm em direção à casa e começam a comer tudo o que suas bocas conseguem engolir, depois de tanta privação de comida.

Mas, como tudo o que é bom dura pouco, logo aparece a dona da casa. Era uma mulher bastante idosa e de aparência estranha. De qualquer forma, ela os recebe com simpatia, convidando-os para entrar.

Os irmãos pensam se tratar de uma senhora solidária, já que é oferecido ainda mais comida a eles. Mas, com o tempo percebem que na realidade a mulher era uma bruxa muito má.

Isso porque a idosa tinha uma gaiola, onde prendeu João com o intuito de alimentá-lo até que ele ficasse gordo o suficiente para ser abatido e assado em um enorme forno. Enquanto isso, Maria era obrigada a realizar todo tipo de trabalho doméstico.

A bruxa, que era meio cega, verificava se o menino estava engordando mandando que ele lhe mostrasse seu dedo para ela apalpar. João, muito esperto, conseguiu enganar a velha lhe mostrando um fino graveto. Por isso, os irmãos permaneceram muito tempo na cabana de doces.

Chega um dia em que a bruxa já está irritada e cansada de esperar que o menino fique "no ponto" para ser devorado. Ela resolve então assá-lo de qualquer maneira.

Maria continuava a trabalhar e a bruxa lhe manda acender o forno. Quando a velha chega perto para verificar a temperatura, a menina rapidamente a empurra para dentro do forno e fecha a tampa, trancando a malvada lá dentro.

Assim, Maria liberta o irmão e eles entram novamente na casa para ver o que a bruxa escondia. As crianças encontram muitas riquezas, pedras preciosas e dinheiro.

Levando o tesouro da feiticeira, voltam para a floresta a fim de procurar o caminho de casa. O retorno é tortuoso e eles se deparam com alguns desafios.

Entretanto, conseguem se situar e encontrar sua antiga casa. Lá dentro estava o pai, que quando os vê chora de felicidade. Ele havia sentido muito remorso e culpa pela covardia de abandonar as crianças indefesas.

A essa altura, a madrasta má já havia morrido e as crianças puderam crescer felizes ao lado do pai. Eles agora já não passavam fome e os tempos de miséria tinham ficado no passado.

Análise do conto.

Nesse conto, muitos elementos psicológicos podem ser analisados. A fábula traça uma narrativa sobre o sentimento de desamparo, a busca por independência, a satisfação, frustração e, por fim, a coragem.

A simbologia do casal de irmãos e da floresta

Os irmãos simbolizam o lado masculino e feminino (yin e yang) de uma mesma pessoa, que quando se depara com uma situação de desamparo, tristeza e abandono, se vê perdida diante do "desconhecido". Essa confusão emocional pode ser representada pela imagem da floresta e seus perigos.

Interessante observar que as crianças, ao serem abandonadas, se preocupam em deixar pistas para achar o caminho de volta, mas mesmo assim, acabam sozinhas e tendo que se reorientar sem nenhum apoio, somente usando suas próprias capacidades.

Satisfação e frustração.

Nessa busca de si, João e Maria acabam por encontrar um momento de satisfação extrema, quando se veem diante de uma casa feita de doces. Eles, que estavam famintos - e a aqui pode-se relacionar à uma "fome existencial" - se empanturram de guloseimas, que na realidade não alimentam de fato.

Assim, essa ilusão de que estavam "à salvo" logo é desfeita, com a figura da bruxa representando as frustrações e decorrências da avidez, gula e ansiedade.

A perda da inocência e a retomada da coragem.

A velha senhora, que a princípio se mostrava boa, mais tarde os aprisiona. Assim, quando os irmãos percebem já era tarde demais, João estava preso em cativeiro e Maria era feita de escrava. Aqui, o conto nos fala sobre as consequências de ser demasiado inocente e a confiança cega.

Entretanto, as crianças conseguem se livrar das ameaças e castigos ao acessarem sua força interior, coragem, espírito de equipe e criatividade. Eles ainda saem carregando as riquezas da velha, o que nos aponta para a sabedoria que adquirimos quando passamos por situações difíceis na vida.

Outras considerações

Na história, a bruxa morre e a madrasta também. Esses acontecimentos estão relacionados, pois de alguma maneira, essas personagens estão conectadas pelo mal que causam aos irmãos e pelo forte desejo pelo alimento.

Outro ponto interessante de analisar é sobre o contexto histórico em que o conto surgiu. Na época da Idade Média, a fome era algo que castigava enorme parte da população. Assim, em João e Maria esse é o problema central que ronda toda a narrativa.

Desconfia-se também que na história original, a madrasta não existia, e na realidade quem bolava o plano de abandono era a própria mãe das crianças. Como essa versão pareceu muito cruel, ela foi alterada posteriormente.

Conheça os irmãos Grimm

Os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm nasceram na Alemanha em 1785 e 1786, respectivamente. Os dois foram estudiosos da linguagem, poetas e acadêmicos que dedicaram sua vida, sobretudo, à coleta e escrita de fábulas populares que faziam parte da tradição oral de povos germânicos.

Eles compilaram um grande número de histórias que eram contadas por familiares e pessoas humildes. Acredita-se que boa parte desses contos chegaram até os irmãos através de uma mulher chamada Dorotea Viehmman. Nessa época, as narrativas eram voltadas ao público adulto, não às crianças.

A iniciativa de reunirem as histórias de seu povo impulsionou também a coleta e registro de outros mitos nas demais partes do mundo por outros pesquisadores, a fim de garantir que tais fábulas não se perdessem.

Vale lembrar que as histórias sofreram algumas modificações ao longo dos anos. Geralmente, as versões originais são mais assustadoras e nem sempre possuem final feliz.

Alguns contos famosos escritos pelos irmãos são: Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, O Pequeno Polegar, Cinderela, entre outros.

Jacob veio a falecer no ano de 1863, sendo que Wilhelm havia morrido quatro anos antes, em 1859. Ambos foram de essencial importância para a conservação das tradições que permeavam o inconsciente coletivo e, até hoje, permanecem em nosso imaginário.

Fonte:https://www.culturagenial.com/historia-joao-e-maria/  

Leilão de jardim - Cecília Meireles



Quem me compra um jardim com flores?

Borboletas de muitas cores,

lavadeiras e passarinhos,

ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?

Quem me compra um raio de sol?

Um lagarto entre o muro e a hera,

uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?

E este sapo, que é jardineiro?

E a cigarra e a sua canção?

E o grilinho dentro do chão?

(Este é o meu leilão.)

Esse é um dos poemas mais famosos para crianças escrito por Cecília Meireles. A escritora exibe a natureza com simplicidade, mas apresenta os elementos de maneira fantasiosa e criativa.

Ela utiliza como recurso didático a repetição, a rima e a descrição, construindo um poema que estimula a imaginação e cativa crianças e adultos.

domingo, 31 de dezembro de 2023

Cinderela, ou A gata borralheira.

Fonte: Internet.


Era uma vez Cinderela, uma moça muito bonita que morava com seu pai em uma bela casa. Sua mãe havia morrido e o pai resolveu se casar novamente. A nova esposa tinha duas filhas de outro casamento.

A madrasta e as novas “irmãs” tratavam Cinderela muito mal e, depois da morte do patriarca, as três passaram a obrigá-la a dormir no sótão, fazer todo o serviço da casa e vestir-se de farrapos.

Um belo dia, o rei daquela província anunciou que daria uma festa para que seu filho escolhesse uma mulher para se casar.

Assim, todas as moças se apressaram para fazer vestidos lindos e causarem boa impressão no príncipe.

Cinderela se animou, mas a madrasta a proibiu de ir à festa, dizendo que não havia roupa para ela. Enquanto isso, suas irmãs provavam vestimentas maravilhosas e zombavam de Cinderela.

Eis que a bela jovem, lamentando-se de seu azar, recebeu a visita inesperada de uma fada-madrinha, que num passe de mágica a vestiu com o mais belo dos vestidos. Além disso, a fada transformou uma abóbora em carruagem e um ratinho do sótão em cocheiro.

Assim, Cinderela pôde ir ao baile, com a condição de voltar antes da meia-noite, quando o encanto estaria desfeito.

Chegando ao baile, a bela moça logo chamou atenção do príncipe, que encantado dançou a noite toda com ela e acabou se apaixonando.

Ao perceber que já era quase meia-noite, a jovem saiu correndo e, num descuido, deixou um de seus sapatos de cristal pelo caminho.

O príncipe, abalado, manda os seus servos irem de casa em casa para que todas as moças do lugar experimentem o sapatinho e, assim, ele pudesse descobrir sua dona.

Quando chegaram na casa de Cinderela, as irmãs estavam a postos e provaram o sapato, que não serviu.

Cinderela surgiu de repente e quando experimentou o pequeno sapato de cristal, este encaixou perfeitamente em seu pé.

Dessa forma o príncipe descobriu sua amada e se casou com ela. Os dois viveram felizes para sempre.

Fim.

Fonte: https://www.culturagenial.com/historias-infantis-contos-para-criancas/ 

Comentários:

O conto da Cinderela nos revela uma narrativa sobre a superação e o crescimento.

A moça, que é rejeitada pela família, sente-se sozinha e desamparada, mas através de sua busca interior e criatividade consegue criar um mundo novo para si, tornando-se uma personalidade única, e não superficial como suas irmãs.

O sapato que Cinderela deixa cair ao sair do baile simboliza a liberdade de poder caminhar com segurança e é por meio dele que a jovem consegue se encontrar com o príncipe.

É interessante observar que, segundo a psicologia, os contos de fadas são analogias de processos emocionais a que todo ser humano está sujeito. Assim como nos sonhos, cada elemento dessas narrativas representa uma parte da parte da psiquê.

Para colorir:

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