terça-feira, 29 de setembro de 2015

Jujuba, o leãozinho.

Fonte da imagem:https://pixabay.com/pt/le%C3%A3o-animal-%C3%A1frica-safari-gato-564925/

Habitando uma grande floresta, Jujuba, o leãozinho, crescia forte e sabido.
Sua mãe, Dona Leoa, cuidava dele com muito carinho: dava-lhe banho, penteava-lhe o pelo, aparava-lhe as unhas e alimentava-o.
Muito amorosa, sua mãe defendia-o contra os perigos da floresta, não permitindo que se afastasse muito da toca.
Mas Jujuba, vivendo sempre sozinho, sentia falta de amigos, desejava ter com quem brincar.
Certo dia Jujuba resolveu sair de casa para encontrar um amigo.
Encantado com tudo o que via, embrenhou-se na mata, afastando-se da toca.
Um pouco adiante viu um coelhinho escondido entre as árvores e perguntou:
 – Olá! Quer ser meu amigo?
O coelho ao ver quem lhe dirigia a palavra arregalou os olhos, assustado, e gritou, sumindo no meio do mato:
 – Um leão!...   
Jujuba não entendeu a atitude do coelho, mas não desanimou.
Andando mais um pouco encontrou um veadinho que pastava tranquilamente. Aproximou-se e disse:
 – Olá! Quer ser meu amigo?
Com as pernas bambas de medo, o animal fez meia-volta e desapareceu no meio da floresta, gritando:
– Fujam! Um leão! Um leão!...
Jujuba, triste, ainda não desanimou. Continuou andando e procurando. Mais adiante olhou para cima e viu um macaco enroscado num galho de árvore.
 – Quer brincar comigo? – perguntou esperançoso.
Ao vê-lo, o macaco assustou-se e foi embora, pulando de galho em galho. O filhote de leão, muito chateado e infeliz, pôs-se a chorar.
 – Buá... Buá... Buá.
Ouvindo o choro, alguns animais que estavam escondidos se aproximaram. O leãozinho chorava de cortar o coração e eles se condoeram das suas lágrimas.
 – Por que está chorando? – perguntou um enorme sapo.
Ao ouvir aquela voz, Jujuba parou de chorar e enxugou as lágrimas.
– Você está falando comigo? – estranhou, pois quisera conversar com ele.
– Sim, é com você mesmo! – confirmou o sapo. – O que aconteceu?
 – Por que está chorando? – perguntou um enorme sapo.
E Jujuba, mais animado, explicou:
 – Saí de casa para procurar um amigo. Alguém que quisesse brincar comigo. Mas ninguém gosta de mim...
E recomeçou a chorar: Buá... buá...
Ouvindo a reclamação do leãozinho, feita em voz macia e terna, o sapo olhou os outros animais, que abaixaram a cabeça.
 – Não se envergonham de ter medo de um pequeno filhote? — perguntou-lhes o sapo.
O coelho, ainda tremendo de susto, indagou mais corajoso:
– É só isso que deseja? Não vai atacar-nos depois?
 – Não! Por que iria atacá-los? Quero que sejamos amigos e que brinquem comigo. Sinto-me tão sozinho!
Então os animais perceberam que Jujuba era apenas um leãozinho delicado e gentil, incapaz de fazer mal a alguém. E disseram envergonhados:
 – Perdoe-nos. Nós o julgamos mal sem conhecê-lo e sem saber quem era você. Queremos ser seus amigos, Jujuba. Pode contar conosco.
Satisfeito, o leãozinho agradeceu a todos e olhou em torno, preocupado.
– E agora? Creio que me afastei demais e acho que não sei voltar para casa!
Mas os bichos o tranquilizaram, afirmando-lhe:
 – Não se preocupe. Nós o levaremos para casa.
Feliz, Jujuba retornou ao lar com um enorme acompanhamento de bichos e, desse dia em diante, tornaram-se grandes amigos e sempre brincavam juntos.
E os animais da floresta entenderam que não se deve julgar as criaturas pela aparência, sem conhecê-las. Que somos, na verdade, todos irmãos, filhos de um mesmo Pai, que nos criou, e que poderemos viver todos juntos em paz e harmonia, se tivermos boa vontade.

Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita

Tema: amizade.


Perguntas:

Você tem amigos?

Onde você conheceu seus amigos?

Como você escolhe seus amigos?

Explicar que não devemos discriminar os amigos pela cor, posição social ou aparência física. Ressaltar que o mais importante é a bondade e que sejam verdadeiros amigos.

Atividades: 

as crianças deverão recontar a história através de teatro ou dramatização.

imitar os animais sem utilizar palavras nem sons, apenas mímicas

utilizar massinha de modelar para fazer os animais e recontar a história movimentando os bichinhos de massinha.

cada criança escolhe uma parte da  história para desenhar e depois será montado um livrinho.

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Cantigas de roda: conceito, finalidades e atividades relacionadas.

Fonte da imagem:
http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=77459&picture=estatuas-de-bronze-criancas







Clique nas imagens para visualizar melhor.

Fonte: 
http://pt.slideshare.net/cidinhaprofessora/cantigas-de-roda-24477916?related=2

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

DÔ MINHOCA.

Fonte da imagem:https://pixabay.com/pt/minhoca-worm-bonito-feliz-lagarta-151033/

Desde pequena Dô gostava de dormir, e muito.
Bastava esticar o corpo um pouco de lado e ela logo estava dormindo.
Esticada, enrolada de cabeça para cima, cabeça para baixo.
De qualquer jeito Dô embalava um sono que ia até o dia seguinte.
A comunidade das minhocas era bem agitada.
Ocupadas em fazer coisas, cavar buracos e realizar tarefas sem parar.
Dô gostava disso, só que tanto trabalho dava muita fome e depois de comer, logo ia cochilar um pouco...
As minhocas comem de tudo: pedaços de folhas, frutas, raízes, etc.
Dô sabia que este trabalho debaixo da terra criava um ambiente rico em plantas e bichos, um mundo que ela sonhava em conhecer melhor Dô tinha muitos amigos.
Ângulo só andava em linha reta, sempre com pressa.
Espiral vivia enrolado, fazia tudo de trás para frente, e Pincel era pintor.
Dô tinha uma paixão secreta pelo artista e sonhava com ele pintando seu retrato.
Certo dia a terra tremeu.
Uma pá abriu um buraco e um homem apanhou um monte de minhocas e jogou num balde para usar como isca numa pescaria.
As minhocas se remexiam tentando fugir e Dô também ficou presa ali.
Dô foi parar num anzol e levou um choque com a água gelada.
Foi engolida pelo peixe e na barriga dele estava tão quentinho que ela acabou dormindo.
Não viu nem o peixe ser pescado pelo homem e ser limpo e colocado numa panela.
Um gato miando chamou a atenção da cozinheira.
Como havia muitos peixes ela acabou dando um para o bichano esfomeado.
Dô tinha acabado de acordar e então viu a boca do gato carregando o peixe feliz da vida .
O cachorro já esperava o gato para atacar e os dois ficaram correndo em volta da casa.
Quando ia ser pego o felino deu um salto e pulou para uma janela em que o cão não alcançava.
Ficou latindo e rosnando até cansar.
O gato teve paciência e esperou ficar tudo calmo antes de sair para comer sua refeição.
Mas antes de pular para o chão Dô Minhoca saiu da boca do peixe e olhou com curiosidade para aquelas novas paisagens.
Dô olhou o sol vermelho descer e depois a lua prateada subir devagar.
Até perdeu o sono e passou a noite acordada querendo entrar naqueles buraquinhos de estrelas.
Nunca imaginou que o mundo podia ser tão grande.
De manhã Dô foi pega por um pássaro que procurava alimento.
Ele voou alto e Dô se debateu muito.
Seu rabo acabou batendo no olho do pássaro, que a soltou.
Ela caiu lá de cima sobre a grama fofa sem se machucar.
Ao encontrar um Caracol que usava uma concha como casa, Dô gostou da idéia e fez o mesmo.
Mas acabou achando que assim andava muito devagar e resolveu voltar sua vida de minhoca e ver se encontrava o caminho do minhoqueiro.
Dô cavou, revirou mas não achou o caminho de casa.
Já estava desistindo quando Ângulo apareceu dizendo que estavam todos preocupados.
Dô ficou aliviada e feliz ao saber que haviam preparado uma grande surpresa para ela.
Em casa, Dô encontrou os amigos na exposição de quadros de Pincel.
E o que estava fazendo mais sucesso era o retrato dela!
Seu coração de minhoca disparou e ela desmaiou de cansaço e felicidade.
Agora Dô queria mesmo dormir, sonhar e acordar de verdade.

Fonte: http://amagiadashistorias.blogspot.com.br/

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O pequeno príncipe e o carneiro. Novas descobertas...

Vivi, portanto só, sem amigo com quem pudesse realmente conversar, até o dia, cerca de seis anos atrás, em que tive uma pane no deserto do Saara. Alguma coisa se quebrara no motor. E como não tinha comigo mecânico ou passageiro, preparei-me para empreender sozinho o difícil conserto. Era, para mim, questão de vida ou de morte. Só dava para oito dias a água que eu tinha.
Na primeira noite adormeci, pois sobre a areia, a milhas e milhas de qualquer terra habitada. Estava mais isolado que o náufrago numa tábua, perdido no meio do mar. Imaginem então a minha surpresa, quando, ao despertar do dia, uma vozinha estranha me acordou. Dizia:
- Por favor... desenha-me um carneiro!
- Hem!
- Desenha-me um carneiro...
Pus-me de pé, como atingido por um raio. Esfreguei os olhos. Olhei bem. E vi um pedacinho de gente inteiramente extraordinário, que me considerava com gravidade. Eis o melhor retrato que, mais tarde, consegui fazer dele.
Meu desenho é, seguramente, muito menos sedutor que o modelo. Não tenho culpa. Fora desencorajado, aos seis anos, da minha carreira de pintor, e só aprendera a desenhar jiboias abertas e fechadas.
Olhava, pois essa aparição com olhos redondos de espanto. Não esqueçam que eu me achava a mil milhas de qualquer terra habitada. Ora, o meu homenzinho não me parecia nem perdido, nem morto de fadiga, nem morto de fome, de sede ou de medo. Não tinha absolutamente a aparência de uma criança perdida no deserto, a mil milhas da região habitada. Quando pude enfim articular palavra, perguntei-lhe:
- Mas... que fazes aqui?
E ele repetiu-me então, brandamente, como uma coisa muito séria:
- Por favor... desenha-me um carneiro...
Quando o mistério é muito impressionante, a gente não ousa desobedecer. Por mais absurdo que aquilo me parecesse a mil milhas de todos os lugares habitados e em perigo de morte, tirei do bolso uma folha de papel e uma caneta. Mas lembrei-me, então, que eu havia estudado de preferência geografia, história, cálculo e gramática, e disse ao garoto (com um pouco de mau humor) que eu não sabia desenhar. Respondeu-me:
- Não tem importância. Desenha-me um carneiro.
Como jamais houvesse desenhado um carneiro, refiz para ele um dos dois únicos desenhos que sabia. O da jiboia fechada. E fiquei estupefato de ouvir o garoto replicar:
- Não! Não! Eu não quero um elefante numa jiboia. A jiboia é perigosa e o elefante toma muito espaço. Tudo é pequeno onde eu moro. Preciso é dum carneiro. Desenha-me um carneiro.
Então eu desenhei.
Olhou atentamente, e disse:
- Não! Esse já está muito doente. Desenha outro.
Desenhei de novo.
Meu amigo sorriu com indulgência:
- Bem vês que isto não é um carneiro. É um bode... Olha os chifres...
Fiz mais uma vez o desenho.
Mas ele foi recusado como os precedentes:
- Este aí é muito velho. Quero um carneiro que viva muito.
Então, perdendo a paciência, como tinha pressa de desmontar o motor, rabisquei o desenho ao lado.
E arrisquei:
- Esta é a caixa. O carneiro está dentro.
Mas fiquei surpreso de ver iluminar-se a face do meu pequeno juiz:
- Era assim mesmo que eu queria! Será preciso muito capim para esse carneiro?
- Por quê?
- Porque é muito pequeno onde eu moro...
- Qualquer coisa chega. Eu te dei um carneirinho de nada!
Inclinou a cabeça sobre o desenho:
- Não é tão pequeno assim... Olha! Adormeceu...
E foi desse modo que eu travei conhecimento, um dia, com o pequeno príncipe.




É muito difícil para um adulto entender a linguagem infantil.
Crianças têm mais imaginação, ainda não foram contaminadas pelas regras e convenções que paralisam os adultos.
No mundo do Pequeno Príncipe,uma rosa e um carneiro dentro de uma caixa assumem uma importância fundamental.
Ainda assim ele não considera suficiente e ele sai para conhecer outros mundos, outras pessoas.
E aprender nessa experiência. O Pequeno Príncipe tem sede de saber.
Saber este que ele encontra saindo do seu mundo, conhecendo outros mundos.

Perguntas:

Você acha que só pode aprender sobre outros mundos e outras pessoas no computador?

Será que caminhando no seu bairro e fazendo novos amigos você não consegue descobrir novas maneiras de viver?

O Pequeno Príncipe inicia uma viagem pelo espaço e conhece vários planetas, sendo que o último é o planeta terra
.
Todas as vivências do personagem são ricas em exemplos e lições de vida.

Na sua viagem, ele conhece os seguintes planetas:

Planeta habitado por um Rei

Planeta habitado por um vaidoso

Planeta habitado pelo empresário

Planeta habitado pelo acendedor de lampiões

Planeta habitado pelo geógrafo.  

Convidar as crianças a fazer a viagem junto com o personagem. Dizer que cada planeta tem suas características e que podem aprender assim como o Pequeno Príncipe aprendeu.

Desenho:

Faça um desenho da parte da história de hoje que você mais gostou.
Não criticar ou interferir no desenho da criança, lembre-se como já falei aqui, muitas carreiras podem ser interrompidas com o julgamento inadequado de um adulto. O desenho deve ser livre ainda que não faça sentido para você.


O vídeo abaixo é para os educadores, contudo dependendo da idade pode ser mostrado para as crianças.




terça-feira, 22 de setembro de 2015

A CENTOPEIA E SEUS SAPATINHOS.

Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=52460&picture=sapatos-de-fundo

Naquela manhã, a centopeia acordou mais cedo. Era dia de comprar sapatos. Levantou, arrumou a sua caminha e foi para sala tomar café. Sua mãe já tinha arrumado a mesa. O café estava quentinho e havia uns bolinhos de que ela gostava muito.
            __ Menina, ande logo, senão vamos chegar muito tarde, e não vai dar tempo de comprarmos todos os sapatos de que precisamos.
Dona centopeia e sua filha pegaram os seus chapéus e suas sombrinhas, por que estava um sol muito forte e saíram. Quando chegaram à loja, a joaninha veio atendê-las:
__ Bom dia, dona centopeia! Como sua filha está bonita! Fazia muito tempo que a senhora não aparecia.
A centopeia pediu um sapato vermelho muito bonitinho.
A joaninha subiu e desceu a escada, subiu e desceu, subiu e desceu diversas vezes para trazer os pares de sapato.

Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/view-image.php?image=39415&picture=joaninha-rosa-clip

A joaninha colocou todos os sapatos na centopeia e ela andou um pouco para ver se eles não apertavam os pezinhos.
__ Dona joaninha, estão muito apertados! Não tem nenhum número maior? __ pediu a centopeinha.
E a joaninha subiu e desceu novamente a escada, subiu e desceu diversas vezes para buscar os sapatos maiores.
Quando acabou de colocar os sapatos nos pés da centopeia, a joaninha não tinha mais força para levantar.
Dona centopeia, então, abriu a bolsinha e disse:
 __ Você está muito cansada, amanhã eu volto para comprar os sapatos.
Ouvindo isso, a joaninha desmaiou.

Autor: Milton Camargo.

Ninguém é igual a ninguém. Aceitando as diferenças 2 - mais atividades.

Hoje continuo com mais atividades para a postagem de ontem sobre aceitar as diferenças. As imagens e sugestões do site que pesquisei são ótimas, porque fazem com que as crianças ao mesmo tempo em que comecem a perceber as diferenças e como lidar com elas, também iniciem uma análise de seu comportamento e o que tem que mudar para viver e conviver melhor. Quisera que adultos também recebessem esses ensinamentos, quantas vezes precisamos não é mesmo? 
Contudo, essa é a proposta do blog, educar crianças mais livres de condicionamentos que não deram certo, e prontas para enfrentar a vida munidas de recursos internos sólidos. :)))











Fonte: http://pt.slideshare.net/andreaperez1971/ninguem-a-igual-a-ninguem?related=5

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

domingo, 20 de setembro de 2015

MARCELO, MARMELO, MARTELO.

Fonte da imagem:http://www.publicdomainpictures.net/

Marcelo vivia fazendo perguntas a todo mundo:
- Papai, por que é que a chuva?
-Mamãe, por que é que o mar não derrama?
- Vovó, por que é que o cachorro tem quatro pernas?
As pessoas grandes às vezes respondiam. Às vezes, não sabiam como responder.
-Ah, Marcelo, sei lá...
Uma vez, Marcelo cismou com o nome das coisas:
- Mamãe, por que é que eu me chamo Marcelo?
- Ora, Marcelo foi o nome que eu e seu pai escolhemos.
- E por que é que não escolheram martelo?
-Ah, meu filho, martelo não é nome de gente! É nome de ferramenta...
- Por que é que não escolheram marmelo?
- Porque marmelo é nome de fruta, menino!
- E a fruta não podia chamar Marcelo, e eu chamar marmelo?
No dia seguinte, lá vinha ele outra vez:
- Papai, por que é que mesa chama mesa?
- Ah, Marcelo, vem do latim.
- Puxa, papai, do latim? E latim é língua de cachorro?
- Não, Marcelo, latim é uma língua muito antiga.
- E por que é que esse tal de latim não botou na mesa nome de cadeira, na cadeira nome de parede, e na parede nome de bacalhau?
-Ai, meu Deus, este menino me deixa louco!
Daí a alguns dias, Marcelo estava jogando futebol com o pai:
-Sabe, papai, eu acho que o tal de latim botou nome errado nas coisas. Por exemplo, por que é que bola chama bola?
- Não sei Marcelo, acho que bola lembra uma coisa redonda, não lembra?
-Lembra, sim, mas... e bolo?
- Bolo também é redondo, não é?
- Ah, essa não! Mamãe vive fazendo bolo quadrado...
O pai de Marcelo ficou atrapalhado.
E Marcelo continuou pensando:
“Pois é, está tudo errado! Bola é bola, porque é redonda. Mas bolo nem sempre é redondo. E por que será que a bola não é a mulher do bolo? E bule? E belo? E Bala? Eu acho que as coisas deviam ter o nome mais apropriado. Cadeira, por exemplo. Devia chamar sentador, não cadeira, que não quer dizer nada. E travesseiro? Devia chamar cabeceiro, lógico! Também, agora, eu só vou falar assim”.
Logo de manhã, Marcelo começou a falar sua nova língua:
- Mamãe, quer me passar o mexedor?
- Mexedor? Que é isso?
- Mexedorzinho, de mexer café.
- Ah, colherinha, você quer dizer.
- Papai, me dá o suco de vaca?
- Que é isso menino?
- Suco de vaca, ora! Que está no suco-da-vaqueira.
- Isso é leite, Marcelo. Quem é que entende este menino?
O pai de Marcelo resolveu conversar com ele:
- Marcelo, todas as coisas têm um nome. E todo mundo tem que chamar pelo mesmo nome porque, senão, ninguém se entende...
- Não acho papai. Por que é que eu não posso inventar o nome das coisas?
- Deixe de bobagens, menino! Que coisa mais feia!
- Esta vendo como você entendeu, papai? Como é que você sabe que eu disse um nome feio?
O pai de Marcelo suspirou:
- Vá brincar filho, tenho muito que fazer...
Mas Marcelo continuava não entendendo a história dos nomes. E resolveu continuar a falar, à sua moda. Chegava em casa e dizia:
- Bom solário pra todos...
O pai e a mãe de Marcelo se olhavam e não diziam nada. E Marcelo continuava inventando:
Sabem o que eu vi na rua? Um puxadeiro puxando uma carregadeira. Depois, o puxadeiro fugiu e o possuidor ficou danado.
A mãe de Marcelo já estava ficando preocupada. Conversou com o pai:
- Sabe, João, eu estou muito preocupada com o Marcelo, com essa mania de inventar nomes para as coisas... Já pensou, quando começarem as aulas? Esse menino vai dar trabalho...
- Que nada, Laura! Isso é uma fase que passa. Coisa de criança...
Mas estava custando a passar...
Quando vinham visitas, era um caso sério. Marcelo só cumprimentava dizendo:
- Bom solário, bom lunário... – que era como ele chamava o dia e a noite.
E os pais de Marcelo morriam de vergonha das visitas.
Até que um dia...
O cachorro do Marcelo, o Godofredo, tinha uma linda casinha de madeira que seu João tinha feito para ele. E Marcelo só chamava a casinha de moradeira, e o cachorro de Latildo.
E aconteceu que a casa do Godofredo pegou fogo. Alguém jogou uma ponta de cigarro pela grade, e foi aquele desastre!
Marcelo entrou em casa correndo.
- Papai, papai, embrasou a moradeira do Latildo!
O quê, menino? Não estou entendendo nada!
- A moradeira, papai, embrasou...
- Eu não sei o que é isso, Marcelo. Fala, direito!
- Embrasou tudo, papai, está uma branqueira danada!
Seu João percebia a aflição do filho, mas não entendia nada...
Quando seu João chegou a entender do que Marcelo estava falando, já era tarde.
A casinha estava toda queimada. Era um montão de brasas.
O Godofredo gania baixinho...
E Marcelo, desapontadíssimo, disse para o pai:
- Gente grande não entende nada, mesmo!
Então a mãe do Marcelo olhou para o pai do Marcelo.
E o pai do Marcelo olhou para mãe do Marcelo.
E o pai do Marcelo falou:
- Não fique triste, meu filho. A gente faz uma moradeira nova pro Latildo.
E a mãe do Marcelo disse:
É sim! Toda branquinha, com a entradeira na frente e um cobridor bem vermelhinho...
E agora, naquela família, todo mundo se entende muito bem.
O pai e a mãe do Marcelo não aprenderam a falar como ele, mas fazem força pra entender o que ele fala.
E nem estão se incomodando com o que as visitas pensam...

ROCHA, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. Rio de

Janeiro: Salamandra consultoria Editorial S.A,


Perguntas:

Você muitas vezes acha estranho o significado de algumas palavras?

Assim como Marcelo você já se perguntou o motivo porque chamamos cadeira de cadeira e não de maçã, por exemplo?

Precisamos dar nome às coisas?

O importante é o sentimento, mas precisamos das palavras para nos comunicar com as pessoas.

Você acha que no colégio Marcelo vai ter dificuldades de se comunicar?

Você acha que Marcelo está errado quando fala as palavras como ele sente?
 – não, não está errado, mas esperar a resposta.


Atividades:


Levar as perguntas recortadas em tirinhas dentro de um potinho.

Dividir as crianças em grupos.

Sortear as tirinhas entre os grupos que irão conversar sobre as perguntas com o auxílio do educador que deverá passar em todos os grupos, detendo-se mais tempo nas crianças que apresentarem mais dificuldades.
Após, o líder de cada grupo apresenta aos demais as conclusões do grupo, que serão discutidas com todos com o auxílio do educador.


Vamos brincar de rimar?

 MARCELO, MARMELO, MARTELO.

Uva, viúva, saúva...

Pedir que as crianças inventem rimas sem se preocupar com o significado das palavras. Você estará incentivando a criação livre.
Após as rimas, pedir que façam um desenho tentando dar um sentido ao que foi escrito, por exemplo, uma viúva comendo a uva, e uma saúva passando no chão.
Mostrar que assim é que aprendemos a nos comunicar sem perder a imaginação e a alegria.